Um
retrato dos encontros e desencontros, das relações de amizade, dos momentos
presentes, da solidão, dos problemas financeiros, do companheirismo, da vida,
do transparecer da sexualidade, das perdas, do cuidar uns dos outros e do amor
Quem: Mark Cohen (Bruno Narchi) – um cineasta perdido que
mora com Roger Davis (Thiago Machado) – um músico ex-integrante de uma quase
bem sucedida banda de punk rock, viciado em drogas e portador do vírus HIV;
Mimi Marquez (Ingrid Gaigher) – uma dançarina sadomasoquista, vizinha do andar
de baixo, que acaba por reacender a transtornada vida de Roger; Tom Collins
(Max Grácio) – um gênio da computação e professor universitário que comparece à
cidade para passar a noite de Natal com seus amigos e que, após um assalto,
acaba conhecendo Angel (Diego Montez) – um percussionista de rua e drag queen;
Benny (Mauro Souza) – proprietário do imóvel que, vez em quando, aparece para
cobrar o aluguel; Maureen Johnson (Thuany Parente) – ex parceira de Mark, uma
artista performática empenhada na luta contra a cobrança e a desapropriação dos
terrenos da região, auxiliada por Joanne Jefferson (Priscila Borges) – uma
advogada feminista, atual namorada de Maureen. Complementando a trupe de “Rent”
a participação, em uníssono, de Arthur Berges, Bruno Sigrist, Carol Botelho,
Felipe Domingues, Guilherme Leal, Kaíque Azarias, Lívia Graciano, Philipe
Azevedo e Zuba Janaina.
Quando: noite da véspera de Natal de algum ano dos 1980,
representando um recorte de um ano da vida de Mark que ama Maureen que, por sua
vez, sente atração por Joanne; e de Roger, apaixonado por Mimi que mora com
Tom, que gosta de Angel.
Rent é um retrato dos encontros e desencontros, das relações
de amizade, dos momentos presentes, da solidão, dos problemas financeiros, do
companheirismo, da vida, do transparecer da sexualidade, das perdas, do cuidar
uns dos outros e do amor.
Musical de autoria do compositor e escritor de peças norte
americano Jonathan Larson estreado em 1996 Off Broadway, “Rent” inspira o ator
Bruno Narchi a fazer musicais, cujo projeto e realização deste, conta com a
parceria da produtora Bel Gomes. A versão brasileira de autoria de Mariana
Elisabetsky respeita o compasso e a cadência do texto original, incluindo a
métrica dos versos que compõem a trilha sonora, regida com maestria pela
direção musical de Daniel Rocha. Adicionalmente – o preenchimento de todas
dimensões da boca de cena com a solidez e maturidade dos movimentos e do
desempenho coreográfico sob a rédea de Kátia Barros, o minimalismo em meio ao
fundo negro infinito que define a linguagem urbana inserida na concepção do
projeto cenográfico por André Cortez, a radiografia da essência de cada um dos
personagens traduzida pelo figurino e pelo vizagismo assinados por Fause Haten
e por Leopoldo Pacheco, respectivamente, e o realce das nuances que retratam a
carga dramática e a efusividade jovial presente em cada um dos personagens pelo
desenho de luz de Wagner Freire – celebram o casamento interdisciplinar das
técnicas de palco pela competente regência da direção de Susana Ribeiro.
Não são raras as possibilidades de Rent se entrelaçar com as
experiências de vida de muitos dos espectadores, independentemente das gerações
as quais pertencem, tanto quanto os membros que compõem a exímia banda
camuflada no palco como se, naturalmente, fizessem parte de cenas ao longo das
calçadas nova-iorquinas contemplando instrumentistas em plena performance em
busca de sua sobrevivência – mesmo que, o suficiente para o pagamento de um
simples aluguel.