Por Paulo Sales
O Festival do Rio esteve presente em toda a cidade do Rio de Janeiro. Ao todo, 12 cinemas receberam as sessões do evento em um total de 22 salas, que somaram mais de 3000 lugares disponíveis para o público. O circuito ampliou em relação ao apresentado em 2023, contou com a inclusão de espaços de exibição como o Cinesystem Praia de Botafogo e o Cine Santa.
Pontos Positivos:
1. Direção sensível e comprometida:
Walter Salles, conhecido por sua habilidade em lidar com temas complexos e sensíveis, oferece uma direção que transita entre a documentação histórica e a narrativa emocional, conseguindo captar as nuances da repressão militar e seus efeitos sobre os indivíduos e a sociedade. A sua abordagem não só educa sobre o período da ditadura, mas também humaniza as vítimas, aproximando o espectador da dor vivida por aquelas famílias.
2. Roteiro e ambientação:
O roteiro de *Ainda Estou Aqui* é elogiado por sua capacidade de situar o espectador no contexto histórico e emocional da época. A ambientação do filme – com o contraste entre a beleza do Rio de Janeiro e a opressão das forças armadas – é um recurso visual poderoso que comunica as tensões sociais e políticas de forma sutil, mas impactante. A cuidadosa construção do cotidiano da família Paiva e a ruptura brutal causadas pela repressão são elementos que tornam a narrativa profundamente comovente.
3. Performance de Fernanda Torres:
A atriz Fernanda Torres é destaque pela sua performance intensa e emocional no papel de Eunice. Sua interpretação da dor, angústia e transformação de uma mulher abastada em uma ativista determinada é um dos pilares do filme, sendo capaz de transmitir a complexidade do sofrimento de uma forma que não só emociona, mas também ilumina o papel fundamental das mulheres na resistência contra regimes autoritários.
4. Tema de resistência e memória coletiva:
O filme se destaca pela sua relevância social, fazendo um alerta sobre a importância da memória coletiva e da resistência contra regimes autoritários. A luta pela verdade e justiça é um tema universal, e a forma como o filme aborda isso no contexto da ditadura militar brasileira ressoa com outras lutas em diferentes partes do mundo. A trajetória de Eunice, especialmente, simboliza a força da resistência feminina em um cenário de opressão.
5. Relevância contemporânea:
Apesar de se passar durante a ditadura militar, *Ainda Estou Aqui* não é um filme exclusivamente histórico. Ele se torna uma reflexão sobre a atualidade, lembrando ao público da importância de proteger os valores democráticos e dos perigos de regimes autoritários. Em tempos de crescente ameaça à democracia em várias partes do mundo, a mensagem do filme é poderosamente atual.
Pontos Negativos:
1. Falta de aprofundamento no sistema repressivo:
O filme é muito focado na experiência pessoal e emocional de seus personagens, o que é um grande mérito, mas há um certo descompasso no que diz respeito à explicação do funcionamento do aparato repressivo da ditadura. Embora o filme ilustre bem o medo e a angústia dos cidadãos, ele poderia ter explorado mais as estruturas do regime militar, as formas de tortura e o contexto político de forma mais profunda para contextualizar melhor os eventos e a luta pela justiça.
Pontos Positivos:
1. Química entre os Atores: Andrew Garfield e Florence Pugh entregam performances emocionantes e autênticas, capturando a vulnerabilidade e a complexidade do amor em situações adversas.
2. Temas Profundos: O filme aborda questões existenciais como mortalidade e lembrança, incentivando a reflexão sobre a vida e o significado das relações.
3. Simbolismo Rico: A dança temporal serve como uma metáfora poderosa para a complexidade das emoções e das experiências humanas, adicionando uma camada de profundidade ao enredo.
Pontos Negativos:
1. Dificuldade de Conexão: A estrutura não linear pode dificultar uma conexão imediata com os personagens, fazendo com que o espectador sinta que está jogando um "esconde-esconde" emocional.
2. Repetitividade: A insistência em questões existenciais, embora válidas, pode parecer excessiva, criando um eco de incertezas que não se dissipam.
Pontos Positivos:
1. Metáforas Visuais:
A tempestade e o asilo em ruínas servem como poderosas metáforas da condição emocional da protagonista, aumentando a imersão do espectador na história. Essas imagens evocam sentimentos profundos, conectando a experiência externa com a interna.
2. Performance de Marjorie Estiano:
A atuação de Estiano é elogiada por sua sensibilidade e intensidade. Ela traz autenticidade ao papel, capturando a dor e a luta interna de Ana, o que enriquece a narrativa.
Pontos Negativos:
1. Falta de Explicações Claras:
A ausência de respostas racionais para os eventos do filme pode frustrar espectadores que buscam uma narrativa mais linear ou explicativa. A ambiguidade, embora rica, pode deixar alguns sem um sentido de conclusão.
2. Complexidade Temática:
A profundidade dos temas abordados pode ser difícil de digerir para alguns. O filme requer um envolvimento emocional e intelectual que pode não ser acessível a todos, resultando em uma experiência desafiadora.
3. Desenvolvimento de Personagens Secundários:
Alguns personagens, especialmente os moradores do asilo, podem parecer subdesenvolvidos, o que pode limitar o impacto emocional das interações entre Ana e eles.
Super/Man – A História de Christopher Reeve
Pontos Positivos:
1. Narrativa Multifacetada: O documentário se destaca por sua abordagem não linear, explorando a dualidade entre a imagem pública de Superman e a realidade pessoal de Reeve. Isso proporciona uma compreensão mais profunda de sua humanidade.
2..Emoção e Vulnerabilidade: A obra capta a vulnerabilidade de Reeve após seu acidente, mostrando-o como um símbolo de resiliência. Sua transformação de ator em ativista é inspiradora e oferece uma mensagem poderosa sobre a superação de adversidades.
3..Homenagem à Dana Reeve: O tributo a Dana, enfatizando seu papel fundamental como suporte, enriquece a narrativa. Isso desafia estereótipos de gênero e ressalta a importância do amor e do apoio em tempos difíceis.
4..Uso de Arquivos e Entrevistas: A combinação de filmagens de arquivo e reflexões íntimas cria uma conexão emocional forte entre o público e Reeve, permitindo uma compreensão mais humana de sua trajetória.
5..Reflexão sobre Heroísmo: O documentário propõe uma nova visão sobre o que significa ser um herói, destacando que a verdadeira força está nas batalhas internas e no ativismo por causas maiores.
O Quarto ao Lado
Em "O Quarto Ao Lado", Pedro Almodóvar nos oferece uma obra que é tanto uma reflexão poética sobre a amizade quanto um mergulho nas nuances da experiência humana. Baseado no livro "O Que Você Está Enfrentando", de Sigrid Nunez, o filme traz à tela a história de Ingrid (Julianne Moore) e Martha (Tilda Swinton), duas almas interligadas por um passado vibrante, agora distorcidas pelos labirintos da vida.
A cinematografia de Almodóvar é uma explosão de cores e emoções, onde cada quadro parece uma pintura viva, refletindo a complexidade das personagens e suas jornadas. A paleta vibrante, característica do diretor, contrasta com o peso das experiências de guerra que Martha vivencia como repórter, criando um diálogo visual entre o belo e o brutal. O uso inteligente da luz, que flui como um personagem à parte, ilumina não apenas os rostos, mas também os sentimentos ocultos que perpassam a narrativa.
Moore e Swinton entregam performances de uma delicadeza impressionante. Julianne, com seu olhar carregado de sabedoria e melancolia, encarna Ingrid, uma escritora em busca de sua voz após anos de silêncios. Por outro lado, Swinton, com sua presença etérea e ao mesmo tempo terrosa, traz Martha à vida como uma mulher marcada pela dor e pela busca incessante por significado em um mundo caótico. O reencontro delas, embora envolto em uma situação de crise, é uma dança sutil entre a nostalgia e a renovação, uma ode à complexidade das relações humanas.
A trilha sonora, uma combinação de composições originais e clássicos atemporais, envolve o espectador em uma atmosfera de introspecção. Cada nota ressoa como um eco das emoções que as personagens compartilham, sublinhando os silêncios e as palavras não ditas que permeiam suas interações.
Almodóvar, ao dirigir sua primeira obra em inglês, demonstra um domínio inquestionável da linguagem cinematográfica, criando um espaço onde passado e presente se entrelaçam de maneira orgânica. O roteiro, repleto de diálogos cortantes e reflexivos, revela a fragilidade das conexões humanas em meio à tumultuada realidade contemporânea.
"O Quarto Ao Lado" não é apenas um filme sobre amizade; é uma meditação sobre a vida, a perda e o poder das histórias que contamos a nós mesmos. No final, somos deixados com a sensação de que, embora a vida possa nos separar, as verdadeiras conexões nunca desaparecem totalmente; elas apenas mudam de forma, habitando o "quarto ao lado" de nossas memórias.
Assim, Almodóvar nos convida a entrar em um espaço íntimo e repleto de nuances, onde a beleza da vida se revela nas pequenas coisas — um toque, um olhar, um riso compartilhado — e nos lembra que, mesmo nas tempestades, sempre há lugar para a doçura.
Promessa – A Arquitetura De BV Doshi
Pontos Positivos:
1. Estética Visual:
A cinematografia é cuidadosamente elaborada, apresentando as construções de Doshi em harmonia com a natureza e a vida urbana. Isso cria uma experiência visual rica e envolvente.
2. Interação com os Habitantes:
A abordagem de mostrar os edifícios em uso, com alunos e professores interagindo nos espaços, ilustra como a arquitetura de Doshi é pensada para as pessoas, não apenas como arte.
3. Contexto Cultural:
O filme contextualiza a obra de Doshi dentro da cultura indiana e a importância de sua contribuição para a arquitetura contemporânea, ampliando a discussão sobre arquitetura em um sentido global.
Pontos Negativos:
1. Falta de Crítica Aprofundada:
A celebração de Doshi, embora emocionante, carece de uma crítica mais profunda sobre suas escolhas arquitetônicas e como elas se relacionam com questões contemporâneas, como sustentabilidade e urbanização.
2. Ego do Artista:
A ênfase no papel de Doshi como protagonista pode criar uma percepção de que a arquitetura é um produto singular de sua visão, deixando de lado as colaborações e as influências externas que moldaram seu trabalho.
3. Ritmo Irregular:
Embora algumas sequências sejam poéticas, outras podem parecer arrastadas, levando o espectador a questionar o ritmo e a fluidez do documentário em certos momentos.
4. Idealização Excessiva:
A abordagem quase idolátrica de Doshi pode alienar aqueles que buscam uma análise mais crítica da arquitetura contemporânea, fazendo com que o documentário pareça mais uma homenagem do que um estudo.
5. Ausência de Diversidade de Perspectivas:
A falta de opiniões de críticos, acadêmicos ou até mesmo moradores que habitam os espaços projetados por Doshi pode limitar a profundidade da discussão e a pluralidade de experiências associadas à sua obra.
Todos Que Você É
Pontos Positivos:
1. Interpretação Sutil:
Aenne Schwarz entrega uma performance notável como Nadine, trazendo nuances à personagem que refletem a luta interna e o desvio das expectativas sociais.
2. Desafios às Expectativas Patriarcais:
A narrativa questiona os papéis tradicionais de gênero, apresentando uma protagonista que rejeita a imagem da mãe sacrificada e busca sua própria identidade.
3. Metáforas Complexas:
O uso de símbolos, como a vaca, provoca reflexão sobre o amor e a identidade, estimulando o espectador a explorar significados mais profundos nas relações humanas.
4. Exploração da Psicologia Humana:
O filme convida o público a mergulhar em um labirinto emocional, oferecendo uma visão introspectiva sobre a fragilidade das conexões humanas.
Pontos Negativos:
1. Oscilação entre Profundidade e Teorização Excessiva:
Embora o filme busque profundidade, ele frequentemente se perde em abstrações teóricas que podem afastar o espectador da experiência emocional central.
2. Complexidade que Dificulta a Compreensão:
As metamorfoses de Paul, representadas de forma simbólica, podem obscurecer sua essência, dificultando a compreensão da dinâmica do relacionamento.
3. Falta de Empatia na Relação:
A aparente falta de empatia de Nadine em relação a Paul pode alienar o público, tornando difícil estabelecer uma conexão emocional com os personagens.
4. Silêncios Reprimidos que Comprometem o Envolvimento:
Os momentos de silêncio e os não ditos, embora intrigantes, tornam a narrativa ineficaz em engajar emocionalmente, resultando em uma experiência distante.
5. Perda de Foco Narrativo:
O uso excessivo de flashbacks e a complexidade da trama podem desviar o filme de seu propósito inicial, tornando a narrativa confusa e, por vezes, insatisfatória.
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Um Caso Comum
Pontos Positivos:
1. Atuação de Daniel Auteuil:
Auteuil entrega uma performance convincente como Jean Monier, trazendo uma camada de complexidade ao seu personagem, mesmo em meio a um roteiro frágil.
2. Temática Relevante:
O filme aborda a defesa criminal e a busca por justiça, tópicos que são sempre pertinentes e oferecem espaço para discussões profundas sobre ética e moralidade.
3. Capacidade Técnica:
A produção apresenta uma boa qualidade técnica, com direção e cinematografia que, embora não revolucionárias, conseguem manter um padrão visual aceitável.
Pontos Negativos:
1. Narrativa Previsível:
O filme cai em clichês, com reviravoltas que não surpreendem, tornando a trama previsível e sem emoção.
2. Construção Fraca de Personagens:
Os personagens carecem de profundidade, tornando difícil para o espectador se conectar emocionalmente com suas histórias e conflitos.
3. Falta de Originalidade:
O filme não traz novas perspectivas ao gênero, perdendo-se em fórmulas já gastas de dramas judiciais, o que diminui seu impacto.
4. Desvio Ético:
A representação do advogado como um herói romântico pode subestimar a complexidade dos dilemas morais enfrentados no sistema judiciário.
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A Garota da Vez
Pontos Positivos:
1. Direção de Anna Kendrick:
Kendrick estreia na direção com um projeto ousado, abordando temas complexos de uma forma que desafia convenções. A escolha de um suspense psicológico mostra sua vontade de explorar narrativas mais profundas e sombrias.
2. Ambientação nos anos 70:
O período escolhido não é apenas estético; ele serve para refletir uma era de superficialidade e problemas sociais, fazendo um paralelo com questões contemporâneas. Isso adiciona uma camada de crítica social que enriquece a narrativa.
3. Performance de Daniel Zovatto:
Zovatto traz uma figura carismática e perturbadora, capturando a complexidade do personagem e o terror que ele representa. Sua atuação é um dos pontos altos do filme, contribuindo para a tensão psicológica.
4. Representação da Vulnerabilidade:
A personagem de Kendrick representa bem a fragilidade da moralidade em um ambiente de fama e manipulação. Sua interpretação é perspicaz, equilibrando a busca por notoriedade com a luta pela sobrevivência.
5. Mensagem Central:
A ideia de que as aparências podem enganar e que as instituições não são sempre confiáveis é relevante e ressoa com o público, especialmente em um mundo dominado por mídias sociais e manipulação.
Pontos Negativos:
1. Estrutura Narrativa Confusa:
A tentativa de uma narrativa não convencional acaba se tornando confusa. A estrutura não linear pode distrair e desviar a atenção do espectador, dificultando a conexão emocional com a história.
2. Excesso de Flashbacks:
Os flashbacks sobre os crimes de Alcala, embora impactantes, podem ser percebidos como um mero recurso de choque, desviando o foco da verdadeira exploração da psicologia do medo e da manipulação.
3. Desconexão Emocional:
A escolha de uma narrativa fragmentada provoca uma desconexão que impede o público de se envolver plenamente com os personagens e suas experiências, diminuindo o impacto emocional do filme.
4. Conclusão Insatisfatória:
Apesar de um ato final promissor, a falta de equilíbrio entre o potencial psicológico e a execução narrativa deixa uma sensação de que o filme não atinge plenamente seus objetivos, em comparação com outras narrativas sobre horror real.
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Baby
Pontos Positivos:
1. Representação LGBTQ+:
O filme aborda temas relevantes para a comunidade LGBTQ+, como amor e sexualidade, oferecendo uma representação que pode ser importante para muitos espectadores.
2. Temática de Liberdade e Redenção:
A história de Wellington, um jovem recém-libertado de um centro de detenção, toca em questões de liberdade e a busca por uma nova vida, que são temas universais e relevantes.
Pontos Negativos:
1. Falta de Profundidade:
A execução dos temas centrais é superficial, resultando em clichês e uma falta de verdadeira reflexão sobre as experiências humanas, o que torna o filme menos impactante.
2. Relação dos Protagonistas:
A dinâmica entre Wellington e Ronaldo é tratada de forma apressada, carecendo de exploração genuína das complexidades emocionais, o que diminui o potencial do desenvolvimento de seus personagens.
3. Estética Visual Limitada:
O filme não traz inovação visual, repetindo estilos já vistos e utilizando tomadas que evocam nostalgia sem realmente impressionar ou contribuir para a narrativa.
4. Superficialidade:
O filme acaba se transformando em uma coleção de promessas vazias, falhando em construir um mosaico humano rico e, em vez disso, apresentando uma visão rasa da realidade.
A Quem Eu Pertenço
Pontos Positivos:
1.Temática Profunda: O filme aborda questões universais como perda, identidade e laços familiares, fazendo com que muitos espectadores se conectem emocionalmente com a narrativa.
2.Cinematografia Impactante: A câmera de Vincent Gonneville capta a beleza melancólica do deserto e da solidão dos personagens, criando um visual que complementa a narrativa de maneira poética.
3.Atuações Poderosas: Salha Nasraoui entrega uma performance marcante como Aicha, refletindo tanto fragilidade quanto uma força interna, o que intensifica a empatia do público pela sua personagem.
4.Narrativa Estruturalmente Intrigante: A divisão do filme em três atos interligados permite uma construção gradual da tensão e do mistério, mantendo o espectador envolvido e curioso sobre a história.
5.Design de Som Imersivo: O uso cuidadoso do som, com sussurros da natureza e diálogos distantes, cria uma atmosfera que amplifica a angústia e os dilemas internos dos personagens.
Pontos Negativos:
1.Ambiguidade Excessiva: Embora a ambiguidade moral seja um ponto forte, ela pode deixar alguns espectadores confusos ou insatisfeitos com a falta de respostas claras sobre a história dos filhos de Aicha e Brahim.
2.Personagens Secundários Subdesenvolvidos: Algumas figuras do elenco, como Reem, poderiam ter suas histórias mais aprofundadas, o que poderia enriquecer a narrativa e o contexto em que se encontram.
3.Sutileza Exagerada em Momentos Cruciais: Em algumas partes, a sutileza nas revelações pode parecer excessiva, dificultando a compreensão de eventos-chave para a trama.
Crítica: Paulo Sales