Não consegue ultrapassar a superficialidade

20/01/2025 - teatro clara nunes
Pontos negativos:
Falta de inovação genuína: O que se vê é uma subversão forçada e desconexa que não consegue ultrapassar a superficialidade, sem gerar uma reflexão substancial ou uma experiência de desconforto provocadora de sentido.
Canções sem funções claras: Embora as músicas escolhidas sejam representativas da cultura brasileira, elas acabam sendo sobrecarregadas no espetáculo. Em vez de funcionarem como uma extensão da narrativa, elas se tornam adereços sentimentais e artificiais, sem justificativa real para sua inclusão ou para sua conexão com a trama.
Estética desarticulada e confusa: O uso excessivo de cores e formas contrastantes no cenário cria um efeito visual que tenta representar a mente dos personagens, mas falha em estabelecer uma conexão clara com as emoções e psicologia dos mesmos. O palco oscila entre o fantástico e o mundano sem um propósito evidente, tornando-se mais uma distração do que um elemento simbólico que enriquece a experiência.
Atuações pouco cativantes: As interpretações de Bruna Guerin, Guilherme Magon e Felipe Hintze tentam dar conta das complexidades dos personagens, mas falham em criar conexões reais com o público. Guerin oscila entre exagero e fragilidade, tornando a protagonista distante e pouco envolvente. Magon, com seu desempenho etéreo, não consegue fazer sua presença ser relevante, e Hintze se perde em uma metacrítica que não atinge seu objetivo de reflexão, tornando-se apenas uma anedota vazia.
Ausência de uma conclusão ou mensagem significativa: A falta de uma moral ou resolução no final não é uma escolha ousada, mas uma falha em dar direção ou propósito à narrativa. A peça deixa o espectador com uma sensação de vazio e frustração, sem oferecer uma conclusão que possa agregar valor à reflexão sobre as relações humanas e o estado da sociedade contemporânea.
Por Paulo Sales

Comments