Uma experiência sensorial e metalinguística que questiona a figura mítica da estrela de Hollywood
Pontos Positivos
1. Interpretação de Luciana Braga:
A escolha de Luciana Braga para o papel de Judy Garland é um acerto. Braga não tenta imitar a estrela de Hollywood, mas sim reinterpretá-la à sua maneira, criando uma performance única que carrega uma forte carga emocional e artística. Sua habilidade cênica e sua capacidade de transitar entre a reverência ao mito e a busca por uma expressão própria conferem ao espetáculo uma autenticidade e profundidade que se destacam.
2. Originalidade e Reflexão sobre o Mito:
O espetáculo não busca simplesmente recriar a vida de Garland, mas sim explorar o mito que ela se tornou. Esse foco no "processo artístico" e na busca por significado no sofrimento e na glória das estrelas do cinema oferece uma reflexão interessante sobre a construção e o impacto cultural de figuras como Garland. É um espetáculo que questiona o valor e o peso da fama, da dor e da identidade, propondo uma experiência única e provocadora.
Pontos Negativos
1. Tratamento das Canções:
As músicas de Judy Garland, que são fundamentais para qualquer espetáculo sobre sua vida, acabam não sendo tratadas com a carga emocional que muitos esperam. Embora os arranjos de André Amaral e Liliane Secco busquem dar uma nova roupagem às canções, elas não atingem o clímax emocional que deveria ser alcançado em momentos icônicos como "Over the Rainbow" e "The Man That Got Away". Ao invés de resgatar a intensidade emocional de Garland, as canções acabam sendo uma mera homenagem, o que pode desapontar o público que esperava reviver as canções com a mesma profundidade e poder que a estrela original transmitia.
2. Ambiguidade e Fragmentação:
Embora a ambiguidade e a fragmentação sejam características deliberadas do espetáculo, essas escolhas podem causar certa frustração em parte do público. Ao não oferecer respostas claras ou uma narrativa linear, "Judy – O Arco-Íris é Aqui" pode ser difícil de se conectar emocionalmente para aqueles que buscam uma experiência mais envolvente ou uma compreensão mais direta do mito de Judy Garland. A ausência de uma conclusão satisfatória ou uma reflexão mais profunda sobre a tragédia pessoal de Garland pode deixar a peça com uma sensação de incompletude.
Por Paulo Sales
foto: msenna
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