Território do Amor: espetáculo musical une grandes divas da canção em uma ode poética ao amor, à dor e à memória | Teatro | Crítica
- circuitogeral
- 24 de jun.
- 2 min de leitura
Ideal para navegadores experientes que apreciam travessias densas, espirituais e carregadas de beleza não óbvia

Pontos Positivos
1. Ambientação e Cenografia
O cenário transforma o palco em um navio onírico, entre o céu e o mar, entre o purgatório e o coração humano — Navegação perfeita.
2. Direção (José Possi Neto)
Ritualística, respeitosa e carregada de simbolismo. Possi conduz o espetáculo como um capitão experiente que lê as estrelas — Timoneiro de alma e sombra.
3. Texto (Gabriel Chalita)
Lírico, doloroso, etéreo. Uma dramaturgia emocional que atravessa marés interiores — Navegação por cartas náuticas da alma.
4. Direção musical (Daniel Rocha)
Arranjos fluidos, que costuram culturas e estilos como quem traça rotas intercontinentais — Correnteza melódica de precisão.
5. Interpretações Individuais das Atrizes
Cada atriz é um farol, revelando não só a personagem, mas o oceano emocional por trás dela. Destaques para Neusa Romano (Maysa) e Tatiana Toyota (Mercedes Sosa) — Estrelas fixas no firmamento teatral.
6. Coro (Instituto Baccarelli)
Um coral não como enfeite, mas como vento ancestral nas velas da memória — Maré vocal de gerações.
7. Figurino e Visagismo
Figurinos que parecem cartas esquecidas no fundo do baú, com marcas do tempo e da dor — Roupas com alma de velas rasgadas.
8. Iluminação (Wagner Freire)
Cria atmosferas com pinceladas de sonho e morte. Um farol que guia sem ofuscar — Luz de tempestade interior.
9. Sonoplastia (Eduardo Pinheiro)
Trilha emocional sutil, como marulho ao fundo — Oceano sonoro discreto.
10. Coreografia (Kátia Barros)
Movimentos mínimos, com densidade simbólica — como correntes submarinas — Dança das águas paradas.
Pontos Negativos
1. Exigência emocional e estética do público
É um espetáculo que exige entrega profunda e não busca agradar. Pode afastar quem busca leveza ou entretenimento direto — Mar revolto para navegantes casuais.
2. Ausência de narrativa linear
Pode causar desorientação em espectadores menos afeitos à dramaturgia sensorial — Rota sem bússola para alguns tripulantes.
3. Tom sombrio constante
A persistência da dor e da ausência pode ser emocionalmente exaustiva — sem grandes respiros — Travessia densa, sem porto seguro.
4. Dificuldade de identificação com todas as personagens
O número elevado de figuras femininas pode diluir o foco para quem não possui familiaridade prévia com suas histórias — Demanda cartas náuticas do passado.
Nota Final: 5 — Travessia rara, para navegantes da alma.
Por Paulo Sales

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