top of page

Exposição "Guardiãs do Samba", de Aninha Portal: A Magia Visual que Celebra as Mulheres e a Alma do Samba Brasileiro

A arte pulsa em um ritmo ancestral, reverbera como um tambor que ecoa nas entranhas da terra e nos corações daqueles que têm os ouvidos atentos ao chamado das matriarcas

Exposição "Guardiãs do Samba", de Aninha Portal

Exposição "Guardiãs do Samba", de Aninha Portal: A Magia Visual que Celebra as Mulheres e a Alma do Samba Brasileiro 


A arte pulsa em um ritmo ancestral, reverbera como um tambor que ecoa nas entranhas da terra e nos corações daqueles que têm os ouvidos atentos ao chamado das matriarcas.


"Guardiãs do Samba", a nova exposição de Aninha Portal, surge como um oráculo de cores e formas, onde o samba não é apenas música, mas o grito ancestral das mulheres que, com suas vozes e corpos, teceram o tecido da história cultural brasileira. E nesta tapeçaria vibrante e transcendente, Aninha não apenas pinta com suas mãos – ela invoca com seus pincéis as forças primordiais que alimentam as raízes da tradição e da revolução.


Na sala que abarca os ecos do Itaboraí Plaza, o espaço se transforma em um templo de flores, cores e texturas, em um mosaico de emoções que não precisa de um verbo para se explicar. Aqui, a abstração do pensamento se encontra com a concretude das figuras sagradas – Dona Ivone Lara, Clementina de Jesus, Alcione, Clara Nunes – todas elevadas ao status de deusas, cujos espíritos reverberam em cada pincelada e pontilhismo. Aninha Portal, com sua alquimia poética, dá a essas mulheres uma morada na imensidão do abstrato, onde a forma se dissolve e a cor, imperturbável, assume seu protagonismo. Cada quadro é um corpo, cada cor é uma ideia, cada movimento parece um passo de dança que ecoa no invisível.


É como se, ao observá-las, penetrássemos uma memória coletiva de tempos em que o samba, mais que uma música, era uma arma de resistência, uma prática ritualística que carregava em sua essência as chaves do empoderamento feminino. Tia Ciata, com seus véus de rosas vermelhas, Dona Ivone Lara, com o azul profundo de sua voz que cortava as sombras, todas essas mulheres, guardiãs da ancestralidade, estão lá, além da matéria. O espaço da Casa de Cultura se torna uma extensão do palco, onde não há paredes, mas sim uma orquestra silenciosa de sons vindos de um passado que jamais se extinguirá.


A técnica utilizada por Portal é um espelho da própria multiplicidade do samba: as pinceladas frenéticas e energéticas se entrelaçam, assim como as camadas de significado que constroem o samba. Cada textura, cada leve toque de acrílico ou de colagem, nos remete ao samba de terreiro, ao batuque, ao corpo em movimento. As obras, como corpos dançantes, oferecem ao espectador uma visão fugaz do que é o espírito da música: impossível de ser capturado em sua totalidade, mas inegavelmente palpável.


É fundamental, neste contexto, notar o simbolismo da arte de Aninha Portal: não se trata de uma homenagem linear ou histórica, mas de uma reinvenção daquilo que já foi eterno, redescobrindo suas camadas, seus significados. “Guardiãs do Samba” não se limita ao passado; ela pulsa no presente e em cada gesto de resistência das mulheres que continuam a desafiar os limites do que significa ser uma sambista. A exposição transcende a homenagem, pois nos coloca diante de uma cosmovisão que desafia o tempo e as barreiras da memória.


E, como se essa jornada visual não fosse suficiente, o samba, na sua forma mais pura, invoca o espírito de união ao transformar a praça de alimentação em uma roda de samba – um espaço onde a arte e a música se fundem e nos lembram que, ao lado da mulher que canta, dança e resiste, também somos parte dessa ancestralidade eterna.


"Guardiãs do Samba" é uma oração pictórica que clama para que o samba nunca se apague. É um abraço feminino ao ritmo que nos atravessa, um reconhecimento da força que sempre esteve ali, escondida nas entrelinhas das batidas do tambor, no sussurro das folhas das mangueiras e nos olhares silenciosos de todas as mulheres que, como as mães de santo, oraram pela sobrevivência desse patrimônio imaterial. Ao olhar para essas obras, somos tomados pela sensação de que o samba, na sua potência ancestral, nunca se esqueceu de nós – e, mais importante, nós nunca esqueceremos dele.


Na obra de Aninha Portal, o samba é eterno, vibrante, ancestral e, acima de tudo, feminino.


Serviço:

Abertura da exposição Guardiãs do Samba, de Aninha Portal, e inauguração do novo Espaço de Exposições da CCHAT, no Itaboraí Plaza Shopping

Data: até 10 de junho

Horário: 18h

Local: Espaço de Exposições da CCHAT ( Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres), Sala 1113, Itaboraí Plaza Shopping - Rodovia BR 101, Km 295 - Sentido Norte - Itaboraí

Entrada gratuita.


Expo
2034


Comments


bottom of page