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O Dia em que Raptaram o Papa: Uma Sátira Conciliadora em Tempos de Confronto | Crítica | Teatro

Uma comédia escrita nos anos 1970 que, ao subir ao palco em 2025, busca reverberar crítica sem, contudo, provocar confronto

O Dia em que Raptaram o Papa

Pontos Positivos


1. Interpretação de Claudio Mendes como Sam Leibowitz – Nota: 8.5 Sua entrega emocional transmite um humanismo sincero, ancorando a peça em uma delicadeza que funciona dentro da proposta conciliadora.

2. Composição serena de Giuseppe Oristanio como o Papa – Nota: 7.8 Cria um personagem pastoral e calmo, que sustenta a ideia de fábula moral, mesmo que à custa de tensão dramatúrgica.

3. Elenco de apoio – Nota: 7.5 Elegância e competência na entrega dos personagens arquétipos, contribuindo para o tom ameno e respeitoso da montagem.

4. Direção formal de Cristina Bethencourt – Nota: 7.0 Mostra controle técnico e fidelidade ao texto original, com escolhas cênicas coesas, ainda que pouco arrojadas.

5. Projeto cenográfico de José Dias – Nota: 6.8 Evoca uma dualidade espiritual com eficácia visual, embora sem aprofundamento dramatúrgico.

6. Iluminação de Rogério Wiltgen – Nota: 7.2 Cria uma ambiência intimista que dialoga bem com o tom contemplativo da peça.

7. Trilha sonora de Chico Beltrão – Nota: 7.0 Apoia emocionalmente a narrativa e reforça o ambiente acolhedor, mesmo que sem riscos estéticos.



Pontos Negativos


1. Falta de tensão crítica ou subversiva – Nota: 3.0 O espetáculo evita o confronto e a irreverência, falhando em se posicionar criticamente frente ao poder teocrático que evoca.

2. Direção reverente ao texto – Nota: 4.0 Ao não atualizar o discurso da peça para o presente, a montagem preserva um tom datado que enfraquece sua relevância.

3. Ausência de ironia ou provocação estética – Nota: 3.5 Figurinos, cenário e direção evitam romper com o conforto visual, recusando o estranhamento necessário à sátira potente.

4. Riso condicionado e previsível – Nota: 4.5 A comédia funciona de forma segura, mas domesticada — um humor quase litúrgico que carece de contundência.

5. Dramaturgia sentimentalista – Nota: 5.0 Opta por um humanismo redentor ao invés de um teatro político incisivo, o que limita o potencial de dissonância e reflexão.


Nota geral de conteúdo crítico: 4.0


Por Paulo Sales

Papa
2010

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