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TOC TOC: Entre Risos e Repetições, uma Comédia que Falha na Escuta do Transtorno | Crítica | Teatro

A proposta, voltada ao entretenimento, tropeça ao tentar equilibrar humor e sensibilidade — e escorrega para uma superficialidade que pouco contribui para a compreensão da complexidade do tema

Toc Toc

Pontos Positivos


1. Proposta original com potencial de discussão sobre saúde mental – 3/5 A premissa de reunir personagens com diferentes tipos de TOC em um consultório poderia render reflexões valiosas e um retrato inusitado sobre convívio com transtornos. O embrião da ideia é promissor, embora mal aproveitado.


2. Elenco experiente – 3/5 A presença de nomes conhecidos como Claudia Ohana, André Gonçalves e Daniel Dantas confere peso ao elenco e atrai o público. Ainda que nem todos brilhem, há competência técnica em cena.


3. Desempenho de Miguel Menezzes – 4/5 Entre os atores, Menezzes é apontado como o mais eficaz, entregando um trabalho controlado e preciso que se destaca em meio ao exagero dos colegas.


4. Letícia Lima e seu timing cômico – 3/5 Mesmo com limitações no texto, Letícia consegue gerar alguns bons momentos, sustentados mais por sua habilidade pessoal que pela dramaturgia.


5. Possibilidade de entretenimento leve e descompromissado – 2/5 Para espectadores que buscam apenas distração e não se incomodam com abordagens rasas ou estereotipadas, a peça ainda pode proporcionar risos pontuais.


Pontos Negativos


1. Abordagem superficial dos transtornos – 1/5 A peça falha ao tratar o TOC como simples gatilho para piadas. Em vez de gerar empatia, reproduz caricaturas que reforçam estigmas e banalizam o sofrimento real.


2. Humor datado e previsível – 1/5 As piadas e situações cômicas seguem fórmulas ultrapassadas, soando deslocadas em um contexto contemporâneo mais atento às questões de saúde mental.


3. Direção instável de Alexandre Reinecke – 2/5 A oscilação entre humor escancarado e tentativas de sensibilidade gera um espetáculo inconsistente, sem coesão tonal ou rítmica.


4. Atuações caricaturais e irregulares – 2/5 Boa parte do elenco se perde em exageros ou apagamento. Há pouco espaço para desenvolvimento real dos personagens, que permanecem em moldes engessados.


5. Texto frágil e repetitivo – 1/5 A dramaturgia se apoia em manias e repetições, esgotando rapidamente o seu potencial narrativo. As interações são previsíveis e mecânicas.


6. Ritmo arrastado e duração excessiva – 2/5 Com quase 90 minutos, a peça parece se estender além do necessário. A repetição enfraquece o impacto cômico e torna a experiência cansativa.


7. Oportunidade perdida de provocar reflexão – 1/5 O maior problema talvez seja este: a peça tinha o espaço e os elementos para abordar o TOC com leveza e empatia, mas escolheu o caminho fácil do riso raso.


Avaliação Geral: 2/5


Por Paulo Sales


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