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O Ritual - Exorcismo Longo, Terror Curto, e o Diabo de Braços Cruzados | Crítica | Cinema

Os elogios, tão escassos quanto almas salvas

O Ritual - Exorcismo Longo, Terror Curto, e o Diabo de Braços Cruzados | Crítica | Cinema


PONTOS POSITIVOS


1. Al Pacino de batina, com olhos de juízo final: 7/10

Mesmo que o filme seja morno como sopa de convento, Pacino encarna o exorcista com autoridade papal e olhar que fura o véu do além. Um ícone da atuação enfrentando legiões com o poder do olhar cansado.


2. Atmosfera sombria e direção de arte discreta, mas eficaz: 6.5/10

As sombras dançam nas paredes com elegância e o cenário retrô dos anos 1920 não tropeça em exageros. A ambientação tem cheiro de incenso queimado e pecado sussurrado, o que já é meio caminho para o inferno — ou para um bom filme.


3. Abigail Cowen e a possessão corporal convincente (mas contida): 6/10

Seus olhos viram abismos, sua voz arranha como unha no confessionário, mas nunca explode em histeria demoníaca. Uma boa performance, mas o inferno queria mais.


4. Fidelidade histórica e respeito à mitologia católica: 5.5/10

A história real serve de esqueleto para a narrativa, e há reverência pelos ritos e doutrinas — o que pode agradar estudiosos da fé, mas talvez entedie os que vieram buscar gritos.


PONTOS NEGATIVOS


1. Terror que não aterroriza nem a alma de um seminarista: 3/10

Aqui jaz o maior pecado: prometer horror visceral e entregar uma novena. Sustos inexistem, tensão evapora. O Diabo ficou preso no trânsito.


2. Roteiro previsível e sem catarse infernal: 2.5/10

As engrenagens narrativas rangem como velas derretidas demais. A progressão da possessão não surpreende e o clímax... é apenas o fim de mais um dia no convento.


3. Falta de escalada emocional ou espiritual: 3.5/10

Num exorcismo, queremos ver fé sendo testada, almas em frangalhos, e padres sendo arrastados por corredores da dúvida. Aqui, todos permanecem serenos, como se lidassem com uma gripe demoníaca.


4. Uso tímido de simbolismo e iconografia diabólica: 4/10

Cadê o fogo? Cadê os crucifixos derretendo? Cadê a blasfêmia escandalosa? O Ritual segura o crucifixo com tanto respeito que esquece de cutucar o espectador com ele.


O Ritual é um exorcismo esteticamente piedoso, com uma alma bela mas tímida, que evita mergulhar nos horrores profundos da possessão. Se o Diabo está nos detalhes, ele ficou entediado esperando por eles.


Pontuação Final: 5.5/10

Como um rosário mal rezado: começa promissor, mas termina murmurando de olhos fechados.


Por Paulo Sales

Ritual
1807

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