O Ritual - Exorcismo Longo, Terror Curto, e o Diabo de Braços Cruzados | Crítica | Cinema
- circuitogeral

- 31 de jul.
- 2 min de leitura
Os elogios, tão escassos quanto almas salvas
O Ritual - Exorcismo Longo, Terror Curto, e o Diabo de Braços Cruzados | Crítica | Cinema
PONTOS POSITIVOS
1. Al Pacino de batina, com olhos de juízo final: 7/10
Mesmo que o filme seja morno como sopa de convento, Pacino encarna o exorcista com autoridade papal e olhar que fura o véu do além. Um ícone da atuação enfrentando legiões com o poder do olhar cansado.
2. Atmosfera sombria e direção de arte discreta, mas eficaz: 6.5/10
As sombras dançam nas paredes com elegância e o cenário retrô dos anos 1920 não tropeça em exageros. A ambientação tem cheiro de incenso queimado e pecado sussurrado, o que já é meio caminho para o inferno — ou para um bom filme.
3. Abigail Cowen e a possessão corporal convincente (mas contida): 6/10
Seus olhos viram abismos, sua voz arranha como unha no confessionário, mas nunca explode em histeria demoníaca. Uma boa performance, mas o inferno queria mais.
4. Fidelidade histórica e respeito à mitologia católica: 5.5/10
A história real serve de esqueleto para a narrativa, e há reverência pelos ritos e doutrinas — o que pode agradar estudiosos da fé, mas talvez entedie os que vieram buscar gritos.
PONTOS NEGATIVOS
1. Terror que não aterroriza nem a alma de um seminarista: 3/10
Aqui jaz o maior pecado: prometer horror visceral e entregar uma novena. Sustos inexistem, tensão evapora. O Diabo ficou preso no trânsito.
2. Roteiro previsível e sem catarse infernal: 2.5/10
As engrenagens narrativas rangem como velas derretidas demais. A progressão da possessão não surpreende e o clímax... é apenas o fim de mais um dia no convento.
3. Falta de escalada emocional ou espiritual: 3.5/10
Num exorcismo, queremos ver fé sendo testada, almas em frangalhos, e padres sendo arrastados por corredores da dúvida. Aqui, todos permanecem serenos, como se lidassem com uma gripe demoníaca.
4. Uso tímido de simbolismo e iconografia diabólica: 4/10
Cadê o fogo? Cadê os crucifixos derretendo? Cadê a blasfêmia escandalosa? O Ritual segura o crucifixo com tanto respeito que esquece de cutucar o espectador com ele.
O Ritual é um exorcismo esteticamente piedoso, com uma alma bela mas tímida, que evita mergulhar nos horrores profundos da possessão. Se o Diabo está nos detalhes, ele ficou entediado esperando por eles.
Pontuação Final: 5.5/10
Como um rosário mal rezado: começa promissor, mas termina murmurando de olhos fechados.
Por Paulo Sales








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