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Queer: Desejo, Solidão e a Busca Impossível pelo Amor | Crítica | Cinema

Atualizado: 13 de dez. de 2024

A luta interna em busca de algo mais profundo, que nunca se concretiza


Pontos Positivos:


  1. Direção Visual e Fotografia: A direção de Luca Guadagnino, juntamente com a cinematografia de Sayombhu Mukdeeprom, cria um ambiente visualmente impressionante. A Cidade do México é transformada em uma pintura hiperrealista, saturada de cores que evocam uma sensação de atemporalidade e efemeridade. Essa escolha estética não só reforça a atmosfera emocional do filme, mas também simboliza a dualidade entre o desejo e a dor, criando uma sensação de beleza e desolação simultaneamente.

  2. Atuação de Daniel Craig: Daniel Craig se entrega a um papel totalmente diferente do seu papel como James Bond, oferecendo uma interpretação de grande vulnerabilidade e complexidade. Sua performance como William Lee, um expatriado perdido imerso em excessos e na angústia do desejo não correspondido, é profunda e comovente. Ele transmite com maestria a fragilidade e o desespero de um personagem que busca algo inatingível.

  3. Química entre os Personagens: A interação entre Daniel Craig e Drew Starkey (como Eugene) é outro destaque. A química entre eles, em um jogo de atração e resistência, é palpável, adicionando uma camada emocional complexa ao filme. A relação deles reflete as tensões do desejo não consumado e a luta interna de cada um em busca de algo mais profundo, que nunca se concretiza.

  4. Trilha Sonora de Trent Reznor e Atticus Ross: A trilha sonora, assinada por Trent Reznor e Atticus Ross, é uma das maiores forças do filme. A música amplifica a tensão emocional e os conflitos internos dos personagens, acompanhando e intensificando as cenas de introspecção e sofrimento, sem jamais sobrecarregar a narrativa. Ela faz com que o espectador sinta fisicamente a tensão emocional e o vazio existencial dos personagens.

  5. Exploração Profunda da Solidão e do Desejo Não Correspondido: "Queer" vai além de uma simples história de amor ou desejo, explorando de forma complexa e sensorial a dor da solidão e a busca desesperada por algo impossível. O filme não idealiza o amor, mas o mostra como uma busca incessante por conexão, muitas vezes frustrada e dolorosa. Essa abordagem mais filosófica e existencial torna a obra emocionalmente impactante.


Pontos Negativos:


  1. Ritmo Lento e Introspectivo: O ritmo do filme pode ser considerado um ponto negativo por aqueles que preferem narrativas mais dinâmicas. O longa é introspectivo e se arrasta em algumas partes, o que pode afastar espectadores que não estão dispostos a se envolver com a complexidade emocional de seus personagens. A abordagem lenta e meditativa pode ser difícil de acompanhar para alguns.

  2. Personagem de William Lee Pode Ser Difícil de Relacionar: O personagem de William Lee, apesar de bem interpretado por Craig, é profundamente frustrante e difícil de se relacionar. Sua busca incessante por algo inalcançável, sua obsessão e a falta de resolução para seus conflitos podem deixar o público com um sentimento de desconexão. Isso pode gerar uma experiência emocionalmente extenuante, sem um senso claro de esperança ou redenção, o que pode desagradar a quem espera algum tipo de respiro narrativo.

  3. Sexo Como Metáfora e Não Como Tema Principal: Embora a exploração do sexo seja intensa e carregada de metáforas, alguns podem achar que as cenas de sexo e a abordagem sensual do filme não cumprem seu papel de forma suficientemente clara ou necessária. Para alguns, o desejo sexual serve mais como um meio de explorar a fragilidade emocional dos personagens, mas pode não ser plenamente satisfatório em termos de narrativa. A ausência de um desenvolvimento mais explícito do relacionamento pode deixar alguns espectadores com a sensação de que o filme não se compromete totalmente com seu tema.

  4. Complexidade Emocional que Pode Ser Exigente: "Queer" exige que o espectador se envolva profundamente com a luta interna de seus personagens. Sua abordagem de desejo não correspondido e solidão pode ser emocionalmente desgastante, o que pode ser um obstáculo para quem busca uma experiência cinematográfica mais leve ou otimista. O filme não oferece respostas fáceis ou momentos de alívio, o que pode fazer com que algumas pessoas se sintam sobrecarregadas pela intensidade emocional sem a recompensa de um arco de crescimento ou mudança.


Por Paulo Sales



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