Solaninho: Solano Trindade Renascido em Poesia e Brincadeira no Teatro para Crianças | Teatro
- circuitogeral
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O espetáculo é como uma ciranda de afetos pretos, onde cada poema de Solano Trindade vira brinquedo, vira batuque, vira abraço

Solaninho: Solano Trindade Renascido em Poesia e Brincadeira no Teatro para Crianças | Teatro
Imagine uma estrela cadente que, ao invés de sumir no céu, pousa bem ali, no palco do Sesc Tijuca, e de dentro dela saltam dois meninos: um é Tonzinho, o outro é Solaninho. Eles não são meninos comuns – são memórias reencarnadas, são sonhos de um passado que ainda pulsa, brincando com o tempo, com a dor e com o tambor. Em “Solaninho – Uma viagem com o Poeta do Povo”, o Complexo Negra Palavra faz mágica com palavras, bonecos e corpos, e constrói uma ponte entre o Òrun dos ancestrais e o Àiyé das crianças.
O espetáculo é como uma ciranda de afetos pretos, onde cada poema de Solano Trindade vira brinquedo, vira batuque, vira abraço. E os bonecos mamulengos, esses pequenos sábios de pano e madeira, falam como se tivessem voz de avó e dança de roda de rua. A infância aqui não é lugar de ingenuidade, mas de potência – preta, popular e poética.
A peça é cheia de perguntas que brilham como vaga-lumes: “Para onde vão os que nos deixam?”, “O que é morrer para quem tem saudade que canta?”, “E se o poeta voltasse menino?”. A resposta vem em forma de sorriso, lágrima e festa. A encenação é viva, sem cenário fixo, porque o cenário é o corpo preto em criação, em reinvenção, em resistência.
É também uma crítica que fala de ausência – a ausência de poetas negros nas infâncias de muitos – e de presença, porque agora Solano está aqui, na boca de atores, no som do maracatu, no gingado dos pequenos heróis de palco. A direção de Lucas Sampaio e Renato Farias entende que criança não precisa de explicação simplista: precisa de verdade, precisa de beleza. E encontra tudo isso nos encontros entre mundos, entre vidas que não se despediram direito, mas que dançam juntas no palco da eternidade.
“Solaninho” é teatro, é encantamento, é griotagem. É como se o vento soprasse uma história esquecida nos ouvidos dos pequenos, dizendo: “você também é feito de poesia”. A peça não só ressignifica a dor da partida de Ton Torres, mas transforma a perda em semente – que brota, canta, brinca e gira com as crianças.
No fim, quando Tonzinho e Solaninho voltam ao Òrun, o público entende que toda criança negra carrega um tambor no peito e um Solano na alma. E que, quando se dança com poesia, nem a morte consegue apagar o brilho de uma estrela que virou menino outra vez.
FICHA TÉCNICA
Poesias_ SOLANO TRINDADE
Roteiro e Dramaturgia_ RENATO FARIAS
Direção Artística_ LUCAS SAMPAIO e RENATO FARIAS
Elenco_ ADRIANO TORRES, ALEH SILVA, FERNANDA XAVIER, GUILHERME CANELLAS,
JOÃO MANOEL, JOÃO NAZARÉ, JORGE OLIVEIRA, RAPHAEL ELIAS, RODRIGO ÁTILA e
THIAGO HYPOLITO
Direção de Movimento_ LECO LISBOA
Direção Musical e Trilha Sonora Original_ MUATO
Preparação Vocal_ PEDRO LIMA
Consultoria de Cultura Tradicional_ SANDRO ROBERTO
Direção de Arte_ RAPHAEL ELIAS
Desenho e Construção dos Bonecos_ RAPHAEL ELIAS
Aderecista_ IVETE DIBO
Figurinista_ ANANDA ALMEIDA
Assistente de Figurino_ CLARA GARRITANO
Iluminadora_ ANA LUZIA DE SIMONI
Assessoria de Imprensa_ MARROM GLACÊ COMUNICAÇÃO
Projeto Gráfico_ THIAGO MENDONÇA
Produção_ EUDES VELOSO
Produção Master_ FERNANDA XAVIER
Produção Técnica_ JORGE OLIVEIRA
Assistente de Produção_ LUCAS BAPTISTA
Parceria_ COMPANHIA DE TEATRO ÍNTIMO e COMPLEXO NEGRA PALAVRA
Realização_ SAIDEIRA PRODUÇÕES
SERVIÇO:
Temporada: 19 de abril a 18 de maio de 2025
Horário: Sábados e Domingos às 16h
Apresentações Extras: dias 25 de abril, 09 de maio e 16 de maio (sextas-feiras)
Ingressos: R$ 5 (associado do Sesc), R$ 10 (meia-entrada), R$ 20 (inteira), Gratuito (PCG)
Local: Sesc Tijuca - Teatro 1
Endereço: Rua Barão de Mesquita, nº 539 - Tijuca
Bilheteria - Horário de funcionamento:
Terça a sexta – das 8h às 19h30;
Sábados – das 9h às 19h;
Domingos – das 9h às 18h.
Classificação Indicativa: Livre
Duração: 50 minutos

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