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Mouse Trap: A Armadilha do Fracasso – Quando o Monstro é Menos Assustador que o Roteiro | Crítica

Uma tentativa falha de criar uma história ousada e perturbadora


Pontos Positivos


1. Proposta Ousada e Inusitada

“Mouse Trap” se propõe a explorar uma premissa ousada: transformar uma figura icônica da infância, como o Mickey Mouse, em um agente do caos homicida. Essa abordagem é no mínimo intrigante, pois joga com a tensão entre a inocência associada à imagem do Mickey e o grotesco da violência. Para um público que gosta de subverter as expectativas sobre elementos da cultura pop, há algo de potencial nesse conceito.


2. Estilo Visual Único 

Embora o filme não seja eficaz em termos de produção, a ideia de utilizar a máscara do Mickey Mouse como um catalisador para a transformação psicótica de um personagem é visualmente impactante, com uma estética que remete ao grotesco e ao bizarro. A máscara suja e deformada, além de ser uma tentativa de criar uma atmosfera de decadência, oferece algo visualmente perturbador e que pode, em alguns momentos, provocar o desconforto pretendido.


3. Sátira Potencial ao Capitalismo e à Infância

A tentativa de mesclar crítica social ao capitalismo com a nostalgia da infância (representada pela figura do Mickey Mouse) tem um certo potencial para se tornar uma metáfora interessante. Se o filme fosse mais bem estruturado, poderia funcionar como uma sátira sombria da forma como a cultura infantil é explorada comercialmente, além de discutir o processo de perda da inocência em um mundo corporativo desumano.



Pontos Negativos 


1. Falta de Coerência e Lógica na Trama

Um dos maiores defeitos do filme é a falta de explicação plausível para a transformação do personagem Tim em um assassino psicótico após vestir a máscara do Mickey Mouse. O filme não oferece nenhuma justificativa convincente para essa transição, o que torna a história confusa e forçada. A ausência de uma mitologia bem construída e de um desenvolvimento lógico dos eventos prejudica ainda mais a imersão do espectador na trama.


2. Personagens Rasos e Estereotipados

A protagonista Alex e o vilão Tim são personagens sem profundidade. Alex é uma jovem frustrada, mas sua motivação e arco são superficiais, e Tim se torna um assassino sem maiores explicações ou complexidade psicológica. O filme não dedica tempo suficiente para desenvolver suas motivações ou relações, tornando-os apenas peças decorativas dentro de uma narrativa desarticulada. Isso impede que o público se conecte emocionalmente com a história e torna o filme mais distante e desinteressante.


3. Diálogos Vazios e Incapacidade de Criar Tensão

Os diálogos são fracos, desinteressantes e sem impacto. Ao invés de desenvolver a narrativa ou aprofundar os personagens, as falas parecem mais como um preenchimento vazio, o que apenas agrava o problema de falta de profundidade da trama. Além disso, a construção do suspense e da tensão, que deveria ser um elemento central em um thriller psicológico ou de terror, é completamente falha. O filme não consegue criar um ambiente de medo ou expectativa, resultando em momentos que, ao invés de inquietar o público, simplesmente se tornam tediosos.


4. Direção e Execução Deficiente

A direção de Jamie Bailey falha em estabelecer um tom consistente ou em gerar qualquer tipo de atmosfera envolvente. O filme parece preso em um estilo amador, com uma produção que parece barata não apenas em termos financeiros, mas também em termos criativos. A falta de inovação e a sensação de que a direção não sabe para onde está indo contribuem para a sensação de desconforto não intencional, em vez de construir uma experiência de terror ou thriller eficaz.


5. Falta de Identidade e Originalidade

A tentativa de seguir a fórmula de filmes como Blood and Honey, mas sem a mesma eficácia, torna “Mouse Trap” um filme sem identidade própria. Em vez de se afirmar como uma sátira interessante ou uma reinvenção criativa de um ícone infantil, o filme se perde em referências vagas e clichés mal executados. Isso resulta em uma obra que parece mais uma imitação do que uma exploração genuína de um conceito original.


6. Roteiro Confuso e Desconexo

O roteiro, escrito por Simon Phillips, tenta usar referências a “Steamboat Willie” e a cultura pop, mas acaba se tornando um amontoado de ideias mal costuradas. O enredo não tem um fluxo claro, e as cenas se sucedem de forma desconexa, sem criar uma narrativa coesa ou interessante. O filme não só falha em construir um universo próprio, como também não sabe como se utilizar de suas referências para criar uma história cativante.


7. Tentativa Frustrada de Ser "Edgy" ou "Subversivo" 

O filme parece tentar ser "edgy" ou "subversivo" ao misturar horror, crítica social e nostalgia de forma grotesca, mas isso acaba sendo um fracasso. Em vez de apresentar algo provocador e inovador, “Mouse Trap” cai na armadilha de ser mais confuso e desequilibrado, sem alcançar a profundidade ou a mordacidade de uma boa sátira ou comentário social.


Por Paulo Sales


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