“Ruídos” – Você nunca mais vai ignorar um estalo

Um filme que te faz refletir sobre o poder do som, da memória... e de colocar um bom fone com cancelamento de ruído no próximo rolê paranormal

“Ruídos” – Você nunca mais vai ignorar um estalo

Imagine você voltar pro seu antigo apartamento só pra investigar o sumiço da sua irmã, e em vez de respostas, encontrar um home theater instalado pelo capeta. Essa é a vibe de "Ruídos: Sons do Além (Noise, 2024)", uma obra sul-coreana que mistura terror psicológico, drama familiar e aquele famoso sentimento de “por que não fui morar num AirBnB?”

Kim Soo-jin, a protagonista Joo-young, não apenas ouve o além ela praticamente entra em um grupo de WhatsApp com ele. A garota já começa com perda auditiva, mas o universo resolve compensar isso com um pacote completo de ruídos demoníacos, vozes sussurrantes, gemidos inexplicáveis e tábuas do chão que fazem mais barulho que encosto em festa rave. 

A direção do filme é tão sutil que você nem percebe que está com a cueca suada de tensão até a cena acabar. Não tem susto de grito do nada, não tem sangue jogado no liquidificador. Aqui o negócio é fino: o som faz o papel do vilão, do monstro, e da sogra. É como se o filme tivesse sido mixado no inferno por um técnico de áudio com TDAH e trauma de infância.

O enredo! Joo-young segue o som como quem segue GPS no modo “caminho mais assustador possível”. Cada parede que ela encosta, cada piso que range, cada microbarulho ecoando no corredor parece dizer:

"Vai dar ruim, mas vamos continuar mesmo assim, né minha filha?"

O mais perturbador é como o filme usa o silêncio. Quando tudo fica quieto... é aí que você sabe que o demônio tá preparando um beat novo pra tocar no seu tímpano esquerdo. E sim, você vai sair do cinema com trauma de qualquer som que não seja o Tudum da Netflix.

No quesito atuação, Kim Soo-jin entrega um desempenho digno de indicação ao Oscar de melhor reação a sons que não existem. Ela se joga com tanta convicção que você começa a ouvir barulhos na sua casa também. (Sim, inclusive aquele que você jurava que era só o vizinho subindo a escada. Spoiler: não era).

No final, o filme é tão psicológico que você termina se perguntando se a irmã dela sumiu mesmo ou só foi embora de casa porque também não aguentava mais o barulho do prédio.

"Ruídos" é um filme que te faz refletir sobre o poder do som, da memória... e de colocar um bom fone com cancelamento de ruído no próximo rolê paranormal. Você vai rir de nervoso, se cagar de medo e pensar duas vezes antes de ignorar aquele estalinho no armário.