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Ney Cantou, Marisa Impactou, Baianasystem Explodiu: Doce Maravilha 2025 Foi Isso Aí

Doce Maravilha é mais viciante que aquele doce de leite artesanal que sua avó jura que comprou “na estrada”, mas você sabe que foi feito por um senhor de 90 anos sem camisa e sem vigilância sanitária.

Ney Cantou, Marisa Impactou, Baianasystem Explodiu: Doce Maravilha 2025 Foi Isso Aí


Vamos começar com a real oficial: o Doce Maravilha é mais viciante que aquele doce de leite artesanal que sua avó jura que comprou “na estrada”, mas você sabe que foi feito por um senhor de 90 anos sem camisa e sem vigilância sanitária. É delicioso, mas às vezes bate a dúvida: isso é música ou uma intervenção artística de gente com autoestima demais e afinação de menos?


A largada já é espiritual: Mari Jasca convida Duda Brack & Marcos Sacramento e, juntos, invocam o espírito da loja de cristais de Trancoso. Sabe aquele som que parece que vai começar e nunca começa? É tipo isso. Você fecha os olhos e pensa: “acho que tô ouvindo algo profundo”. Mas talvez seja só um gato ronronando em loop com pedal de delay. E o público? Em transe. Tava todo mundo meditando sem precisar pagar o plano premium do Headspace. Missão cumprida.


Na sequência, Dora Morelenbaum com Jadsa. Agora vai, né? Não foi. Continuamos no universo onde qualquer respiro é um arranjo, e qualquer silêncio é arte. A galera parecia estar num primeiro encontro coletivo com a própria consciência. Todo mundo em modo “a alma lava, mas o cooler fica fechado, porque abrir cerveja nesse clima é praticamente um crime ambiental”.


E aí, do nada, vem ela: Adriana Calcanhotto, versão Partimpim. A vibe muda pra "jardim de infância conceitual". É como se uma fada soprasse poesia em forma de música, com temas profundos como peixes, quartos e almofadas existenciais. Você acha que entendeu a letra, mas não, era só sobre dormir mesmo. E a plateia? Desabando emocionalmente como se a música tivesse desbloqueado traumas de infância envolvendo travesseiros e o Fantástico.


Aí, meu bem… o Baile do Simonal entra. E tudo muda. Acabou o chá de jasmim, começou a feijoada de boteco. Samba, pagode, brilho, e suor escorrendo onde você nem sabia que suava. Ícaro Silva e os Acadêmicos do Baixo Augusta vêm com tanta energia que até o chakra raiz da plateia foi ativado. O festival virou micareta gourmet. Antes era “vibe”, agora é “vibe com a bunda no chão”.


E como se não bastasse, Baianasystem entra pra ensinar que o planeta não gira: ele rebola. Um tsunami de beats, luzes estroboscópicas, ancestralidade digitalizada, tudo ao mesmo tempo. Você se sente dentro de um ritual futurista comandado por um babalorixá do SoundCloud. A única reclamação possível é que ninguém avisou que ia ser cardio.


E aí, o ápice. O Olimpo da MPB abre as portas. Entra Ney Matogrosso. Entra Marisa Monte. É tipo ver Zeus e Afrodite descendo no palco pra cantar Caetano. Ney entra com aquela energia de quem já viu o apocalipse e voltou pra fazer um bis. Marisa chega com a voz que, se vendesse em farmácia, acabava com a fila do SUS. A química é tanta que se botar um fósforo, explode. Gente desmaiando de emoção, segurança chorando atrás da grade, até o drone que fazia imagens aéreas deu uma tremidinha.


No intervalo entre os surtos sensoriais: os DJs.DJ Patife, DJ Mam, Lys Ventura, Mango DJ Set… vieram como enfermeiros sonoros. Enfiaram um soro de groove na veia coletiva do festival. Tocavam umas faixas que você não sabia se era remix ou memória reprimida da adolescência. E quando via, tava dançando sozinho com um copo de cerveja a 19 reais na mão, achando que era o protagonista de Euphoria.


E aí vem o momento da reflexão sincera, honesta, quase espiritual tipo conselho de tia no almoço de domingo:


No resumo da ópera-tropical-psicodélica-festivalística: Foi bom?

Foi. 

Foi perfeito?

Claro que não. 

Teve microfone dando ruim?

Teve. 

Teve artista esquecendo letra?

Teve também. 

Teve empanada a 32 reais e um cara vendendo água gourmet em garrafa de gin reciclada?

Com certeza.


Mas... importa?

Não. Porque no final das contas, você saiu de lá com o ouvido feliz, o coração derretido, e com a certeza de que, mesmo com tropeços técnicos e preços indecentes, esse foi um sábado em que a música brasileira pegou na sua mão e disse: “Relaxa, bebê. Eu tô viva, eu tô maluca, e continuo sendo a melhor companhia que você vai ter hoje.”


Por Paulo Sales

Vídeo: PSales


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