Perde a chance de atualizar a dinâmica da história
resenha: psales e msenna
Na contramão dos estímulos infantis provenientes das mídias digitais, a resistência se faz presente através do resgate de uma história simplória no sentido amplo da ingenuidade presente em sua narrativa, mas repleta de conteúdo que informa e que forma o público infanto-juvenil sobre e para a vida, a partir de temas que trafegam pelo medo, pela coragem e pelas relações de amizade.
Trocando em miúdos, estamos falando de uma das mais famosas obras da dramaturga Maria Clara Machado, escrita em 1955 – “Pluft, o fantasminha” que tem medo de gente, mas que tem sua coragem aflorada em defesa da menina Maribel, quando raptada pelo terrível pirata Perna-de-Pau, agraciada pela versão cinematográfica sob a direção de Rosane Svartman.
Lamentavelmente, o olhar da diretora, associado ao roteiro de Cacá Mourthé e José Lavigne, perde a chance de atualizar a dinâmica da história, contextualizada no apanhado de um tempo pertencente a uma geração embalada com temas perenes e que transcendem a realidade, na mesma proporção da demanda infanto-juvenil por ação, pelo faz-de-conta em parceria com a realidade e pela necessidade de interação do público infantil com os personagens. Tal proeza conquistada pelos espetáculos teatrais, e atualmente pelos games, acaba sendo relegada à passividade enquanto negligenciada pelas versões voltadas aos veículos audiovisuais, que sequer o investimento em recursos 3D é capaz de salvar.
Abraçando a atmosfera da história, repleta de inocência, Juliano Cazarré dá vida ao caricata vilão pirata Perna-de-Pau com a mesma paternidade que Fabíula Nascimento doa a sua maternidade ao se entregar à Dona Fantasma, mãe do fantasminha protagonista. Assumindo os coadjuvantes Sebastião, João e Julião – amigos da menina Maribel – o trio Arthur Aguiar, Lucas Salles e Hugo Germano encenam caras, bocas e trapalhadas bem no estilo tatibitati, já há muito explorado por comediantes solo e por grupo de comediantes, em tempos cuja exigência para extração de risadas fazem parte de um passado não muito remoto. Lola Belli como Maribel e Nicolas Cruz como Pluft, apesar da pouca carga de experiência na dramaturgia, se entregam aos seus personagens com naturalidade e lhes imprimem a verdade mergulhada na fantasia concebida pela autora.
Nada garante sucesso de bilheteria para “Pluft, O Fantasminha”, mas a produção vale como um primeiro longa que poderia ter sido simplesmente baseado na história original de Maria Clara Machado, abrindo espaço para uma realização contemporânea concebida a partir de dose generosa de criatividade como o fora o texto teatral original.
Nicolas Cruz
Pluft
Juliano Cazarré
Pirata Perna de Pau
Lola Belli
Maribel
Arthur Aguiar
Sebastião
Lucas Salles
João
Hugo Germano
Julião
Fabíula Nascimento
Dona Fantasma
Direção
Rosane Svartman
Distribuição
Downtown
Produção
Raccord Filmes
Coprodução
Globo Filmes e Gloob
Roteiro
Cacá Mourthé e José Lavigne
Produtora
Clélia Bessa
Fotografia
Dudu Miranda
Direção de Arte
Fabi Egrejas
Figurino
Márcia Svartman
Maquiagem
Mari Figueiredo, Cacá Zech
Som Direto
Álvaro Correa
Produção de Finalização
Juca Diaz
Supervisão de Efeitos Visuais
Sandro Di Segni
Produção Executiva
Diogo Dahl, Clélia Bessa
Produtores Associados
José Alvarenga Jr., Bruno Wainer
Produção de Elenco
Cibele Santa Cruz
Direção Musical
Tim Rescala
Montagem
Natara Ley, Wellington Dutra
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