2 ou 3 coisas que eu sei delas (ou como Flávio Marinho virou protagonista da própria fofoca)
- circuitogeral

- há 10 minutos
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Ninguém em sã consciência ignora uma ordem da Fernanda Montenegro

“2 ou 3 coisas que eu sei delas” (ou como Flávio Marinho virou protagonista da própria fofoca)
Quem diria que um áudio de WhatsApp poderia mudar a vida de alguém e não era golpe de banco? Pois foi exatamente isso que aconteceu com Flávio Marinho. Depois de uma entrevista na TV, ele recebeu um áudio de ninguém menos que Fernanda Montenegro (sim, a Fernanda Montenegro, não uma IA com voz parecida). No recado, a diva-mor do teatro brasileiro basicamente disse: “Meu filho, vai pro palco e conta suas histórias, porque a aposentadoria não é pra você.” E como ninguém em sã consciência ignora uma ordem da Fernanda, Flávio obedeceu.
Assim nasceu “2 ou 3 coisas que eu sei delas”, um espetáculo que é metade sarau, metade terapia e inteiramente um grande acerto. Flávio, conhecido por estar sempre nos bastidores, finalmente resolve colocar a cara no holofote e o resultado é um “autoensaio” cheio de memórias, humor, música e confissões de um homem apaixonado pelas mulheres… artísticas, claro. Ele divide o palco com Soraya Ravenle (que canta como se o Wi-Fi de Deus estivesse ligado nela) e Liliane Secco, que toca piano e ainda é cúmplice das bagunças cênicas.
A direção é de Luciana Braga, que trocou os sapatos de atriz pelos de diretora e a julgar pelo resultado, parece que o calçado serviu perfeitamente. Ela conduz o espetáculo com leveza e ritmo de conversa de bar, o que faz sentido, já que o cenário é, literalmente, o “Bar do Teatro”. Lá, o público é convidado a brindar as histórias e as referências de um homem que tem mais causos sobre atrizes do que grupo de WhatsApp de bastidores da Globo.
O texto é um desfile afetivo de lembranças femininas, Bibi Ferreira, Marília Pêra, Fernanda Montenegro, mulheres que, de alguma forma, moldaram a formação artística de Flávio. E ele faz isso com o humor típico de quem já viveu o suficiente pra saber que o drama é ótimo no palco, mas péssimo na vida real.
Entre uma piada e outra, há um sentimento bonito de reverência: um homem celebrando o poder e o talento das mulheres que o inspiraram. Tudo embalado por músicas escolhidas a dedo (e possivelmente a taça de vinho) e executadas ao vivo.
“2 ou 3 coisas que eu sei delas” é uma aula disfarçada de conversa, um tributo à memória cultural brasileira e uma comédia leve que mostra que, às vezes, o melhor papel é aquele que a gente nunca imaginou interpretar: o nosso.
No fim, o público sai com uma certeza: quando Fernanda Montenegro manda um áudio às três da manhã, não é pra ser ignorado.










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