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Determinados: A Ciência Da Vida Sem Livre-arbítrio: Ou Como Descobri que Nem a Minha Vontade de Ler Este Livro Era Minha

Uma pancada conceitual tão forte que até o seu córtex pré-frontal vai pedir arrego

Determinados

Determinados: A Ciência Da Vida Sem Livre-arbítrio: Ou Como Descobri que Nem a Minha Vontade de Ler Este Livro Era Minha


Se você acha que tem livre-arbítrio, meu amigo, prepare-se: Robert Sapolsky vai lhe dar uma pancada conceitual tão forte que até o seu córtex pré-frontal vai pedir arrego. Determinados é aquele tipo de livro que você lê achando que vai entender a mente humana e termina questionando se escolheu mesmo a roupa que está usando ou se foi um complô entre seus neurônios, sua mãe e o aquecimento global.


Sapolsky, sempre ele, esse cientista que acorda todos os dias determinado a destruir nossa autoestima filosófica, passa centenas de páginas explicando que nenhuma decisão sua é realmente sua. Nada. Zero. Nem o fato de você ter decidido ler esta resenha, o que significa, inclusive, que a culpa de qualquer piada ruim não é minha. Obrigado, Sapolsky.


O autor vai construindo o argumento dele com tanta evidência científica que chega uma hora em que você pensa: "Tá bom, Sapolsky, já entendi, eu sou praticamente um Sims de luxo com hormônios." E ele responde, nas entrelinhas: "Exatamente."


O que é ótimo, porque finalmente posso justificar 90% dos meus erros como resultado direto da genética, da evolução e do fato de eu ter tomado café demais na infância. Eu não esqueci o aniversário da minha tia; foi o determinismo biológico. Vá reclamar com o meu DNA.


Mas o mais brilhante do livro é que Sapolsky reúne toneladas de pesquisas para chegar a uma conclusão que a sua avó já sabia: "Tenha empatia, meu filho, as pessoas são do jeito que dá para ser." Só que, claro, ele explica isso com neurotransmissores, estatística, experimentos com primatas e uma elegância científica que faria até Darwin levantar da tumba dizendo: "Calma, Robert, respira um pouco."


No fim das contas, Determinados é um livro ousado, provocador e extremamente bem-humorado, mesmo quando não quer ser. É a ciência fazendo aquele papel de tia sincera do Natal revelando que Papai Noel não existe, mas com referências bibliográficas.


E, quando você fecha o livro, inevitavelmente pensa:


 "Será que eu realmente quis ler isto... ou fui determinado a fazê-lo?"


 E Sapolsky, de algum laboratório distante, certamente responde:


 "Você sabe a resposta."

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