Moacyr Luz e Samba do Trabalhador - 20 anos: Na Batida da Segunda-Feira
- circuitogeral

- 11 de dez.
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Atualizado: 11 de dez.
Se aos domingos o brasileiro descansa, às segundas o sambista renasce

Moacyr Luz e Samba do Trabalhador - 20 anos: Na Batida da Segunda-Feira
Moacyr Luz e o Samba do Trabalhador chegam aos vinte anos como quem bate ponto na alegria. Se aos domingos o brasileiro descansa, às segundas o sambista renasce, ainda meio sonolento, mas pronto para outra rodada de vida. É nessa energia que surge o álbum “Moacyr Luz e Samba do Trabalhador, 20 Anos”, um contracheque musical que paga gratificação por tempo de serviço, insalubridade poética e aquele adicional indispensável de bom humor de segunda-feira.
O disco abre com a elegância de quem manda lembrança para Vila Isabel, revisita clássicos e convoca a rapaziada para lembrar que o samba, mesmo quando não melhora, segue firme, o que já é mais do que se pode dizer de boa parte do noticiário nacional. Mingo Silva, Gabriel Cavalcante e Marmita cantam como quem puxa assunto em mesa de bar: começam leves, esquentam o ambiente e, quando a roda se anima, soltam a opinião que só a harmonia salva.
As inéditas têm a cara do grupo. “Vai Clarear” soa como conselho de amigo no pós-trabalho, que te vê murcho e diz que tudo vai ficar bem. “Caboclo Pára-Raios” narra a vida daquele sujeito que atrai energia ruim como quem atrai cobrança de operadora. Cada um conhece um; se não conhece, talvez seja você.
Pedro Luís aparece em “Água Santa”, enquanto Moacyr revisita Aldir Blanc em canções inéditas que têm cheiro de botequim com intelectual de chinelo. De repente, a gaita de Rildo Hora entra fiscalizando a tradição, checando se o samba foi entregue com as devidas formalidades. Joyce Moreno e Marina Iris completam o time, provando que a vida pode ser dura, mas a trilha sonora continua generosa.
Os arranjos de Leandro Pereira recriam, em estúdio, o clima do Renascença, tradicional reduto do samba no Rio. Ali, como na roda original, ninguém sabe exatamente quem começou o coro, quem terminou o copo ou quem levou o isqueiro. É o espírito da segunda-feira materializado: imperfeito, imprevisível, insubstituível.
No fim, o álbum soa como Moacyr contando história: um pouco filósofo, um pouco malandro, completamente sincero. É a celebração de duas décadas de samba que não pedem licença, porque quem trabalha na segunda já carrega preocupação demais.
Se o samba é trabalho, este disco é o recibo de que valeu a pena. O aviso prévio do tédio, o décimo terceiro da alegria, a hora extra da alma. No Andaraí ou no coração de cada ouvinte, o Samba do Trabalhador confirma que a roda gira, a vida continua e, se tudo der errado, segunda-feira tem de novo.
No fim, é simples: Moacyr tem vinte anos a mais de samba. E nós temos vinte anos a mais de motivo para não desistir da alegria, mesmo que seja a alegria de segunda-feira, que já é quase um milagre.







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