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Olivia Dean – The Art of Loving: No limite da sanidade emocional

Um ambiente sonoro tão aconchegante que parece que o álbum inteiro foi gravado num apartamento escandinavo com cheiro de incenso e café

Olivia Dean

Olivia Dean – The Art of Loving: No limite da sanidade emocional


Olivia Dean lançou The Art of Loving e, sinceramente, o título já devia vir com bula. É um álbum? É. Mas também é um manual emocional, um tapa na cara afetiva, uma sessão de terapia com trilha sonora. Se você é do tipo que ainda responde “rs” quando alguém diz “precisamos conversar”, talvez seja melhor ouvir com um chá de camomila e o telefone longe.


Logo na primeira faixa, So Easy (To Fall In Love), Olivia já te recebe com um sorriso. Só que é aquele sorriso do gerente do banco quando você entra no limite especial: parece simpático, mas você sabe que vai doer. A música é leve, dançante, parece feita pra trilha de comercial de perfume francês. Mas aí você percebe a letra e começa a lembrar do último “ficante sério” que te deixou no vácuo com um “vamos ver no que dá”.


O álbum segue com faixas como Let Alone The One They Love e Close Up, que basicamente são cartas de despedida escritas por alguém que sabe usar metáfora e trauma ao mesmo tempo. Olivia não fala do amor como algo mágico. Ela fala como quem já teve cinco crises existenciais, escreveu um diário, foi abandonada no metrô emocional e ainda saiu sorrindo.


Aliás, se você se acha o cara, ouça com cautela. Porque The Art of Loving vem com um subtexto forte de: “Oi, tudo bem? Você tem certeza que sabe amar ou só sabe fugir quando alguém gosta de você de verdade?” É o tipo de álbum que faz até hétero top parar e pensar: “Será que eu sou o vilão da minha própria fanfic?”


E aí vem Lady Lady, que é literalmente uma aula sobre como tratar mulheres, passada com melodia suave e um olhar de julgamento que atravessa o fone. Ouvintes que já mandaram “desculpa se você se sentiu assim” podem sofrer efeitos colaterais, como introspecção e vontade de pedir desculpa de verdade.


Na produção, Zach Nahome criou um ambiente sonoro tão aconchegante que parece que o álbum inteiro foi gravado num apartamento escandinavo com cheiro de incenso e café. A voz de Olivia? Acalma. Mas do tipo “acalmar antes de destruir”. Aquela calma de quem vai terminar com você olhando nos seus olhos, segurando sua mão, e dizendo: “o problema não é você, mas você é parte dele”  tudo com muita educação.


E aí, quando você acha que acabou, vem I’ve Seen It, a última faixa. Uma balada tão intimista que você quase sente que invadiu um momento privado. Você já está frágil, ela te dá mais um carinho… e então te abandona ali, com os sentimentos bagunçados e o Spotify perguntando: “Deseja repetir o álbum?”


Sim. Você deseja. Porque mesmo doendo, é bonito. Porque mesmo te deixando desconfortável, te faz pensar. Porque mesmo não sendo sobre você… é sobre você sim, aceita.


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